Travessia dos Andes em Bike
Nada melhor do que um passeio de bicicleta no parque para aliviar o estresse de uma semana de trabalho. Mais de sessenta semanas de trabalho exigem um passeio um pouco mais longo e um parque maior. Nessas férias o parque é a Cordilheira dos Andes e o passeio consiste de uma dupla travessia dessa cadeia em bicicletas.
"Dupla travessia" ou "Travessia em dupla", tanto faz, são dois ciclistas e a viagem é de ida e volta. A primeira parte consiste da rota do Paso Vergara, uma caminho de terra e pedras bem popular entre os cicloturistas. A segunda parte da viagem trata da pedalada desde o oceano pacífico até Bariloche, cruzando a cordilheira pela região dos lagos que conta com belos bosques e muita chuva. Este segundo roteiro, até onde sei, é original.
Como percurso passa por algumas áreas inóspitas a centenas de quilômetros de cidades ou povoados e não há veículo de apoio, cada uma das bicicletas carrega cerca de 23kg de bagagem incluindo: alimentos, água, ferramentas, material de camping, barraca, material de cozinha, roupas e kit de primeiros socorros. Este conjunto permite à dupla de ciclistas uma autonomia de 5 dias de viagem sem reabastecimento (exceto água) ou 350km em trilha ou 500km em asfalto. A navegação é realizada através de mapas rodoviários e topográficos com o auxílio de um GPS específico para trilhas.
Diário de viagem
Peço desculpas pela qualidade do texto e erros de português. Não temos muito tempo para acessar a internet e os teclados são confusos aqui na Argentina e no Chile.
- 20/1/2012 - Partimos de Guarulhos às 9h35, passamos por Santiago e chegamos à Mendoza às 17h00. Do aeroporto de Mendoza pegamos dois táxis (em um só não cabiam as bicicletas) e corremos até a rodoviária. Infelizmente o ônibus que pensamos em pegar estava lotado assim como o de outra empresa, que também fazia a mesma linha. Conseguimos um micro-ônibus muito apertado e chegamos em Malargue à 1h da manha seguinte. As bicicletas foram compactadas dentro do porta-malas que interditamos para nosso uso pessoal.
- 21/1/2012 - Dia de montar as bicicletas. O resultado do frete internacional foi o quadro da minha bicicleta marcado e riscado, as rodas do Matheus completamente tortas assim como o quadro da bike dele. Passamos o dia realinhando as rodas e instalando os alforjes. Aproveitamos para fazer compras no supermercado. Malargue é uma cidade minúscula aonde ninguém aceita cartão de crédito, as lojas fecham das 13h às 18h e nessa época do ano conta com pelo menos uns 5 temporais por dia.
- 22/1/2012 - 9h da manha. Tudo pronto para a partida? Não. O pneu do Matheus furou ainda no quarto do hotel. Substituímos a câmara seguimos rumo à Bardas Blancas, 63km ao sul. No caminho fomos ultrapassados por metade do grupo de brasileiros do Sampa Bikers que fazia o mesmo percurso, como eles não tinham bagagem a diferença na velocidade era evidente. Ainda assim, ultrapassamos eles na descida e a partir daí nunca mais os vimos, sabíamos onde estavam por causa do carro de apoio, que ia na frente. Este dia foi marcado por uma subida íngreme dos 1400m aos 1900m seguida de uma descida com quase 20km de extensão. Dormimos nos fundos de um restaurante no meio da estrada e cozinhamos dentro do próprio quarto pois o dono queria cobrar o equivalente a 15 reais por um sanduíche de presunto.
- 23/1/2012 - Bardas Blancas ao "Camping Selvagem", mais de 63km. Este foi um dia puxado, a estrada com alguns resquícios de asfalto virou areia. Nenhuma arvore ou sombra nos próximos 140km. O vento contra em altas velocidades exigia força nos pedais inclusive nas descidas. Felizmente, em Las Loicas encontramos um bar aberto que nos vendeu uma coca-cola de dois litros e dois sanduíches de presunto caseiro. O "camping selvagem" foi resultado de uma pedalada que se estendeu ate as 17h00. Demoramos mais de uma hora para conseguir escolher um local para a barraca, o vento era tao intenso que a mesma saia voando mesmo com as estacas no chão, tivemos sorte de encontrar umas moitas espinhudas mais densas. A água estava em um rio que ficava no fim de um barranco de areia inclinado a uns 300m. Banho gelado no rio, comida quente de noite e um sono tranquilo.
- 24/01/2012 - Pedalada infinita, cerca de 43km. O relevo dos Andes ficou mais acentuado, o percurso consistia de uma leve subida por 42km. Muita areia no caminho, principalmente nas dunas de Las Tapaderas que nos obrigaram a empurrar a bicicleta por alguns quilômetros. Nenhum traço de civilização. Água a cada 2km em rios que brotavam das rochas. Ao final do dia, decidimos não arriscar um camping selvagem pois a região não tinha arbustos densos para proteção do vento. Ao final da reta interminável, avistamos uma base do órgão de conservação de estradas (DPV), pedimos autorização para acampar lá e nos deixaram armar a barraca dentro de uma garagem, ao lado de uma Hylux. Lugar excelente, protegido do vento. O pessoal do DPV ainda nos regalou um prato de costelas de boi assadas e pães, um delicioso lanche da tarde. Apesar do vento, tomamos banho e lavamos todas as roupas no rio e depois preparamos nosso jantar composto de macarrão e linguiças de chorizo. Fomos dormir cedo, por volta das 21h.
- 25/01/2012 - Mais um dia de pedalada intensa, cerca de 42km de subida contínua com menos areia no percurso. Iniciamos logo cedo com o objetivo de atingir as Termas del Azufre a 23km de distância e chegamos lá por volta das 13h30. As termas estavam fechadas. Aparentemente o governo argentino negou o alvará de funcionamento do estabelecimento. Outros turistas também foram surpreendidos, inclusive a equipe do Sampa Bikers que teve que rever seus planos de acampar no local. Para não perder a viagem pulamos a cerca e nadamos nas piscinas termais. Água a 35ºC em uma banheira encravada nas rochas, a cerca de 300m uma geleira em derretimento enchia os rios de barro. Ficamos dentro da água por mais de uma hora e depois tivemos que sair pois os planos do dia incluíam passar na Aduana Argentina que fecha as 17h. Pedalamos muito rápido até a Aduana. O oficial do exército carimbou os passaportes e indicou o Paso Vergara com o melhor lugar para acampar nas proximidades. Seguimos por mais alguns quilômetros de subida forte até o paso. O Paso Vergara divide a Argentina e o Chile, trata-se de um vale pantanoso a 2500m de altitude. O marco da divisa fica em uma nascente de rios que correm em direção aos dois países, o Rio Valenzuela, para a a Argentina e o Rio Vergara, para o Chile, dependendo de onde você está o rio corre em um sentido diferente. Acampamos protegidos por uma parede de pedras montada por outros turistas. Recebemos a visita de um boiadeiro que aproveitava o gramado para alimentar a sua criação e jantamos um risoto aos 3 queijos com chorizos. Como ainda não havíamos dado entrada no Chile, estávamos burocraticamente fora de qualquer país.
- 26/01/2012 - Enfim descida, e que descida. Acordamos com a temperatura interna na barraca inferior a -2ºC. O café da manhã e a lavagem das panelas demorou a sair por causa do frio. A grama estava congelada e o sol tardava em preencher o vale. O trajeto foi radical, descidas bem íngremes, abismos, pedras escorregadias e areia. Antes do almoço chegamos à Aduana Chilena em Termas de San Pedro. Os trâmites demoraram mais do que esperávamos, tivemos que passar a polícia Federal e a inspeção sanitária. aparentemente o oficial Argentino deveria ter enviado um formulário de saída preenchido o que não ocorreu. Sem problemas, depois de alguns minutos o policial Chileno entregou um novo formulário. Mais descida e, ao final da montanha, depois de uma mina, o primeiro sinal de pavimento. Infelizmente o vento já estava forte e nós próximos 20km tivemos que pedalar, inclusive nas descidas íngremes. Chegamos a Los Queñes (720msnm) por volta das 15h, fomos almoçar uma pizza de carne na cidade e nos hospedamos na melhor pousada da cidade por 30.000 pesos Chilenos (R$ 107,00).
- 27/01/2012 - Curicó (220msnm), 50,3km de pedalada. Este foi um dia tranquilo, só descidas em terra que depois se transformaram em asfalto e nos levaram até a cidade de Curicó. A cidade, um pouco maior do que o usual nos desorientou um pouco. Um grupo muito solicito de pintores que estavam indo almoçar de bicicleta nos levou até a rodoviária para a compra das passagens. O único horário que conseguimos foram as 20h do dia seguinte. Enquanto eu procurava vagas em um albergue o Matheus foi abordado por uma senhora em uma loja de roupas que indicou uma conhecida que alugava quartos. Seguimos o contato e descobrimos que a pousada havia sido inaugurada a apenas 4 dias. A dona, Sra. Isabel, nos cobrou cerca de 10 mil pesos (cerca de 40 reais) pela noite com café da manha incluso. A Isabel foi muito gentil e acabou lavando as nossas roupas e servindo o jantar sem custos extras. Durante o almoço em uma lanchonete da cidade um grupo de crianças nos consultou sobre a letra de algumas musicas brasileiras que fazem parte da moda chilena.
- 28/01/2012 - Curicó. Passamos o dia caminhando pela cidade, fizemos upload das fotos na internet, arrumamos as malas e visitamos o parque da cidade, uma curiosa montanha no meio da planície. As 20h, hora de embarcar no ônibus, uma surpresa, não havia espaço para as bicicletas no bagageiro. O ônibus nos abandonou. Não desistimos, antes de pedir reembolso insistimos ao vendedor para nos colocar em outro ônibus, desta vez as bicicletas seriam completamente desmontadas. O balconista não acreditou muito mas nos arranjou lugares no ônibus das 22h30. Desmontamos completamente as bicicletas na loja da viação despertando a curiosidade dos outros viajantes. Em 1h00 estava tudo pronto. O vendedor ligou para o motorista e confirmou que ainda havia espaço. No horário previsto partimos para a segunda parte da viagem: Valdivia.
- 29/01/2012 - Valdivia (30msnm). Chegamos por volta das 8h da manha, chuva, chuva, chuva. Demoramos cerca de 1h30 para remontar todas as bicicletas. Felizmente estavam intactas. Tratamos de pedalar pela cidade em busca de hospedagem, por sorte encontramos o Hostel Totem, um dos que faziam parte de nossa pesquisa previa com vagas apos as 13h. Deixamos as bicicletas no albergue e fomos passear pela chuvosa cidade. Por coincidência ou infelicidade de alguns, era o dia de uma corrida na cidade e os atletas também estavam úmidos. Aproveitamos para fazer compras, ir ao cinema, almoçar no Mc Donalds e jantar no shopping. A chuva não cessou.
- 30/01/2012 - Valdivia a Niebla e de volta a Valdivia em 42,5 km. Choveu o dia inteiro, coloquei na cabeça que deveríamos conhecer o Pacifico e me preparei para pedalar submerso, o Matheus estava um pouco desmotivado mas apostou no passeio. Por sorte, quando saímos, depois das 16h da tarde parou de chover e o sol nos acompanhou em parte da viagem. Niebla é a região das praias de Valdivia. Tiramos algumas fotos no povoado, descemos até a Praia Grande para tocar no mar e voltamos a Valdivia com um sol residual. A estrada, apesar de asfaltada estava muito movimentada, todos queriam ir a praia. No dia seguinte deveríamos partir, com sol ou com chuva.
- 31/01/2012 - Los Lagos (35msnm), 52,5km e ascensão total de 395m no dia. Mais uma manha chuvosa em Valdivia, por sorte, logo antes do café parou de chover. A estrada, a principio de terra batida, passava por belos vales com fazendas e rios. Após alguns quilômetros a estrada tornou-se um canteiro de obras com scrapers, rolos compressores, escavadeiras e caminhões. Muita lama na parte úmida, muito pó na parte seca. Chegamos imundos à Los Lagos, uma cidade dormitório localizada às margens da Rota 5 que atravessa o Chile de ponta a ponta. Mesmo pequena, Los Lagos contava com um centro de informações turísticas e foi lá que encontramos uma hosteria para ficar e tomar um banho. O jantar foi em um resto-bar, comércio multifunção tipico das cidades Chilenas. Nesta noite decidimos mudar um pouco o trajeto da viagem, selecionamos o trajeto do plano B mas decidimos passar por Panguipulli ao invés de Riñihue. A mudança aumentaria o trajeto em aproximadamente 40km mas nos pouparia de estradas de lama em construção.
- 01/02/2012 - Panguipulli (156msnm), 77,3km de pedalada. Este foi um dia puxado, acordamos bem cedo e com muito frio. Como o café da manha da pousada estava um pouco caro (cerca de 1500 pesos), decidimos parar no supermercado e comprar mantimentos para nossa própria refeição. A estrada estava ótima, com um bom asfalto em todo o percurso. No meio do caminho decidimos fazer um pequeno desvio de 12km para conhecer a foz do lago Riñihue, uma descida íngreme que nos levou a uma propriedade particular cuja entrada estava impedida, uma decepção. A cidade de Panguipulli é muito organizada e estruturada, fomos jantar no melhor restaurante da cidade, o hotel escola. Quando chegamos lá, provavelmente por causa das vestimentas, o garçom, ao invés de oferecer os pratos da carta, sugeriu sanduíches. De noite visitamos um festival de verão que ocorria na cidade com a dança tipica chilena, a Cueca.
- 02/02/2012 - Puerto Fuy (611msnm), 76,9km, 1261m de ascensão total. Por causa do frio saímos tarde da cidade, os primeiros km de asfalto foram muito confortáveis. Planejamos almoçar na cidade de Chozhuenco e assim o fizemos. Tinha até praia. Os 20km finais do dia estavam entre os mais cansativos da viagem, uma subida interminável e estrada de terra batida com muito pó, tráfego intenso de veículos que levantavam ainda mais o pó e nenhuma paisagem interessante. Quase chegando em Puerto Fuy uma bifurcação à direita levava às cascatas de Huilo Huilo. Decidi conhecê-las. O Matheus, traumatizado com a decepção da foz do rio no dia anterior ficou. Dessa vez tive sorte, as cascatas eram lindas com um centro de visitantes muito estruturado, restaurantes e muito bem preservadas. Continuamos pedalando no pó até chegar a Puerto Fuy, uma minúscula vila no topo dos andes. Em Puerto Fuy mais uma decepção, aquele era um dos acampamentos base de um passeio na montanha para ricos chamado Cruce de Los Andes, esta é uma espécie de corrida de aventura com etapas de cerca de 30km diários. A vila estava entupida de competidores e suas respectivas equipes de apoio, todos as hospedagens caseiras estavam lotadas. Acabamos tendo que acampar em um quintal. Felizmente os competidores do Cruce foram dormir cedo e pudemos jantar com um grande desconto nas barracas da feira local.
- 03/02/2012 - San Martin de Los Andes (700msnm). A segunda travessia dos Andes, pelo passo Hua Hum, foi concluída! O nosso dia começou tarde pois o transbordador para a travessia do lago só saia as 13h00, ainda assim, acordamos cedo com o voo dos helicópteros do Cruce (não sei para que helicóptero). Como conhecemos a vila de Puerto Fuy no dia anterior, enquanto buscávamos inutilmente um lugar para ficar, aproveitamos para tomar um café da manha reforçado e comprar com antecedência os bilhetes para a balsa. Encontramos um enorme grupo de escoteiros (dois ônibus) que ia acampar na Argentina, tiramos fotos, trocamos contatos e seguimos com eles a travessia de 1h30 através do lago. Começamos a pedalada por volta das 15h00, apos 8km passamos pela Aduana e Imigração Chilena, gracas a nossa sorte, chegamos antes dos escoteiros e não tivemos que enfrentar qualquer fila. Alguns quilômetros adiante, o marco da divisa entre os dois países e, logo após, a aduana e imigração Argentina. Enganou-se quem, como nós, achou que os passos representam o ponto mais alto da divisa entre os dois países na cordilheira dos Andes. O paso Hua Hum está a 660m de altitude vencidos gracas ao esforço do dia anterior. Após o Hua Hum, enfrentamos uma íngreme subida com mais de 10km de extensão, cerca de 2h de pedalada até a altitude de 1050m as 19h30. O piso irregular com pedras soltas dispersou grande parte da energia aplicada nas rodas. A região de parque nacional é muito bonita, cheia de bosques e completamente livre da ocupação humana. Por volta das 21h30, apos 56km de pedalada, chegamos a San Martin de Los Andes, uma especie de cidade de esportes de luxo no pe da Cordilheira. Fomos ao centro de informações turísticas e conseguimos vagas em um Hostel. Infelizmente, quando nos preparávamos para jantar, começou a chover. Tivemos que cozinhar linguiças e arroz no quarto. Quando a chuva parou fomos tomar um caro sorvete na cidade.
- 04/02/2012 - San Martin de Los Andes. Dia de descanso. Só passeamos pela cidade, tiramos uma siesta durante a tarde e comemos.
- 05/02/2012 - Lago Falkner (917 msnm), 54,2km. Mais uma surpresa, rodeando os lagos através da Ruta de Los 7 Lagos batemos nosso recorde de ascensão, 1176m, cerca de duas vezes a altura da Serra do Mar em Sao Paulo. Por causa do frio fizemos a maior parte do percurso agasalhados. Paramos para almoçar no Lago Hermoso, tivemos que nos esconder embaixo de uma moita para nos protegermos do vento mas conseguimos fritar linguiças e comer no pao com maionese de Malargue. No final do dia adentramos em uma área encoberta por uma estranha névoa que depois descobrimos se tratar das cinzas do vulcão Puyehue. Acampamos no lago Falkner que estava bem no meio nuvem de cinzas mas mesmo assim era lindo, jantamos a polenta e o molho de tomate que compramos em Malargue, esses itens e a maionese somavam mais de um quilo e viveram aventuras em dois pasos andinos.
- 06/02/2012 - Villa La Angostura (810msnm), 66,7km. Mais um dia sem asfalto, a estrada antes bem pavimentada desapareceu e transformou-se em um monte de areia, cinzas e pedras. Máquinas pesadas trabalhando na pavimentação, muitos veículos circulando e tanto pó quanto na subida para Puerto Fuy. Felizmente os lagos no percurso eram lindos e serviram como ótimos cenários para a hidratação. Almoçamos ¨hamburguesas caseras¨ no lago Espejo Chico, custaram caro (cerca de 15 reais cada) mas estavam ótimas. No meio do percurso meu pneu traseiro (sempre o traseiro) furou com uma minúscula farpa de aço. Essa farpa esvaziou o pneu aos poucos e quando a roda passou pela primeira pedra, o aro cortou a câmara, resultado: 4 furos. Feitos os reparos seguimos viagem até La Angostura, uma estação de esqui chique e cara, muito cara. Ficamos em um Albergue e jantamos uma pizza pela cidade, como o trajeto do dia foi pesado e cansativo partimos direto para a cama.
- 07/02/2012 - Bariloche, 84km. Dormimos em La Angostura com a janela do quarto e do banheiro abertas, erramos. A vila estava sob influencia das cinzas do vulcão e nossas roupas e equipamentos amanheceram cobertos de pó. Ao olhar a cidade pela janela o cenário era o mesmo de uma nevasca, os carros, as ruas e os telhados brancos. Iniciamos a pedalada as 11h, pode parecer tarde mas a temperatura nessa região só começa a subir a partir do meio dia. Nossa meta era agressiva, a maior distancia que cobrimos em toda a viagem, 84km. A estrada estava asfaltada e o relevo tipico andino com subidas e descidas de dezenas de metros de altitude. Felizmente pedalamos rápido, muito rápido. Em duas horas havíamos coberto mais de 40km. Não almoçamos, paramos apenas para tirar fotos, tomar água e comer bolachas recheadas. Chegamos em Bariloche após 4h06, o vento muito forte nos 15km finais reduziu a velocidade, ainda assim, fizemos uma media de 21km/h (cada bicicleta com mais de 20kg nos alforjes), a melhor de toda a viagem. Chegamos ao hotel, adiantamos a reserva, lavamos as bicicletas e fomos tomar banho. Concluímos os 836km da dupla travessia dos Andes com um dia de vantagem, pedalamos nos terrenos mais variados, acampamos nas condições mais extremas, passamos muito frio e muito calor mas valeu a pena.
Galeria de fotos (completa)
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Mapas
Percurso e estatísticas
Planejamento preliminar
Resultado final
Distâncias cartográficas
Distâncias reais medidas através de mapas ou registro do GPS. Não incluem desvios ou voltas pelas cidades.
- Parte I (realizado)- Malargue à Curicó através do Paso Vergara: 306km
- Parte II - Plano A - Valdivia à Bariloche através do Paso Carirriñe: 463km
- Parte II - Plano B - Valdivia à Bariloche através do Paso Hua Hum por Riñihue: 402km
- Parte II - Plano C - Valdivia à Bariloche através do Paso Tromen: 645km
- Parte II (realizado) - Plano D - Valdivia à Bariloche através do Paso Hua Hum passando por Panguipulli: 505km
Download de Mapas, Pontos e Planilhas
Os mapas, planilhas e estatísticas detalhadas estão disponíveis aqui.